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(A gente tem muita história bonita pra contar!)

Paulista descobre autismo aos 35 anos e usa sua visibilidade nas redes sociais para informar sobre o TEA. 

02/04/2024

Fábio Sousa, designer e morador de São Bernado (SP), recebeu laudo médico de autismo nível 1 de suporte aos 35 anos de idade. Seu diagnóstico tardio nos provoca a pensar sobre um tema pouco discutido, mas muito relevante: a dificuldade em ter um laudo de autismo quando suas características apresentam indicativo de autismo nível 1 de suporte, popularmente conhecido como autismo leve. 

Atualmente ele usa as redes sociais para divulgar seu projeto “Se eu falar não sai direito” onde compartilha suas experiências e conhecimentos.  Através de palestras tenta conscientizar principalmente estudantes de medicina e psicologia sobre a importância de fazer um atendimento livre de prejulgamentos. Por ter um nível de autismo considerado mais leve, Fábio sofreu preconceitos até ser laudado. A suspeita de ser autista veio para ele durante a gravidez de sua esposa, pois nessa época ela fez algumas pesquisas sobre os sinais de autismo leve em mulheres e ao compartilhar com Fábio, ele se reconheceu e pensou que talvez pudesse fazer parte do espectro. Tal reconhecimento, em primeiro momento, surgiu como um choque, porque, assim como grande parte da sociedade, possuía uma visão estereotipada do que era ser uma pessoa autista. Decidiu então investigar sobre suas condições e buscou consultas com psiquiatras e psicólogos para sanar suas suspeitas e alcançar seu diagnóstico, o que só foi possível com a ajuda da Dra. Lucia Silva que após 1h e 30 min de consulta e conversa com Fábio chegou à conclusão de que ele poderia ser uma pessoa com autismo, então resolveu encaminhá-lo ao psiquiatra para dar continuidade à investigação de seu caso.  

Fábio estava acostumado a receber respostas negativas. Talvez pelo fato de ainda termos em nossa sociedade, muitos médicos e outros profissionais que desacreditam que uma pessoa com TEA possa ter uma oralidade bem desenvolvida, manter contato visual, levar uma vida cotidiana comum, estar casado, e até comparecer a consultas sem acompanhante, com total autonomia. Ou seja, ainda se mantém um olhar capacitista e fundamentado nas estereotipias quando se trata de pessoas com espectro autista. 

Foi então, após passar por diversas consultas e diferentes experiências que ele finalmente alcançou o diagnóstico que indicava sua real condição e isso foi uma virada de chave, pois passou a entender melhor de si, o que aumentou muito sua qualidade de vida. Fábio também fala que o fato de ser uma pessoa negra afetou o seu diagnóstico, pois, segundo ele, a sociedade não acolhe da mesma forma uma pessoa preta e uma pessoa branca. Como por exemplo, quando uma pessoa negra com autismo apresenta um momento de crise pode ser ainda mais arriscado, pois o olhar preconceituoso e racista leva ao julgamento considerando ser alguém perigoso e violento. Por isso, ele mesmo reconhece e ressalta o privilégio que teve, embora seja um homem negro e enfrente todas as lutas raciais postas na sociedade brasileira, o fato de ser de classe média, não o impede de sofrer tais preconceitos, porém garantiu a ele maior possibilidade de acesso à informação, saúde, políticas públicas e educação. Tais recursos o ajudaram a, embora tardiamente, encontrar informações que mudassem o rumo de sua história e lhe dessem melhor qualidade de vida. Além disso, Fábio também possui uma família que valida suas vivências e opiniões, sendo para ele uma grande rede de apoio para lutar pela diversidade.  

A história de Fábio é mais um exemplo de que precisamos ampliar a informação na luta contra o capacitismo. Embora ele tenha uma história bonita para nos contar, história de descoberta, superação e mobilização, ainda é possível e urgente fazer mais. É necessário que todas as pessoas tenham acesso a políticas públicas (saúde, educação, assistência social, etc.) que garantam a elas mudanças em suas trajetórias de vida. Reforçamos assim nosso desejo em termos muito mais histórias como a do Fábio para contar, histórias de pessoas comuns, de pessoas que fazem do mundo um lugar melhor, diverso e inclusivo. 

Fonte: 

https://radis.ensp.fiocruz.br/entrevista/ser-autista-negro-pobre-e-periferico-e-quase-zerar-o-trunfo-das-desgracas/ 

https://www.canalautismo.com.br/noticia/autistas-negros-discutem-invisibilidade-social/ 

Créditos : Produção textual Larissa Pereira com Luísa Camargos e Danusa Tederiche. Edição Danusa Tederiche, Luisa Camargos, e Larissa Pereira. Revisão Priscylla Ramalho e Vivian Xavier

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Foto: Fábio Sousa

Reprodução via Instagram.

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A história de João Vitor Paiva: O primeiro conselheiro jovem com síndrome de Down do UNICEF 

04/03/2024

João Vitor de Paiva tem mandato como conselheiro jovem do UNICEF renovado em fevereiro de 2024.Ele é a primeira pessoa com Síndrome de Down a ocupar esse cargo, e foi escolhido porque através das redes sociais se tornou um grande representante das pessoas com deficiência pela sua luta contra o capacitismo. Nascido em Goiás, João Vitor ganhou fama após postar no Instagram (@jvdepaiva) um vídeo mostrando a sua rotina como estudante de educação física.  Desde então ele vem crescendo na plataforma, já tendo conquistado mais de meio milhão de seguidores. Através dos vídeos irreverentes postados pelo jovem podemos acompanhar a forma leve e inspiradora que ele fala sobre a sua luta contra o capacitismo. 

Para além do Instagram, João Vitor participa de eventos, e faz palestras contra o preconceito. Como também, já participou do filme Colegas e Herdeiros, com um elenco formado por atores e atrizes com Síndrome de Down e já até foi entrevistado no podcast Inclusive Luísa que é o primeiro podcast protagonizado por uma pessoa com SD.

 

Para assistir a entrevista acesse Podcast Inclusive Luisa | Temporada 5 - Ep 04: João Vitor (youtube.com).

 

Se olharmos para a trajetória de vida do João Vitor perceberemos que sua deficiência não limitou a sua autonomia. Durante a infância e adolescência ele sempre estudou em escolas regulares, tendo um professor de apoio, e quando decidiu fazer vestibular, passou em 4 faculdades. Entendemos como foi importante para ele ter sido mantida a sua liberdade de escolha, e que o seu potencial foi desenvolvido através do apoio de amigos, familiares e professores. Sendo assim, uma reflexão que podemos fazer a partir de sua história, é sobre a importância de incentivar os PCDS (Pessoas com deficiência) a ocuparem os espaços, pois qualquer pessoa com deficiência, se tiver apoio, e oportunidade de se desenvolver pode ser capaz de trilhar grandes caminhos. 

 

Fonte: https://www.metropoles.com/brasil/conheca-o-1o-conselheiro-jovem-com-deficiencia-do-unicef-no-brasil. 

https://www.aredacao.com.br/noticias/204290/joao-vitor-de-paiva-ultrapassa-meio-milhao-de-seguidores-no-instagram 

https://www.aredacao.com.br/noticias/204766/unicef-renova-mandato-de-influenciador-goiano-como-conselheiro-jovem 

Créditos : Produção textual Larissa Pereira com Luísa Camargos. Edição Revisão Danusa Tederiche, Luisa Camargos e Larissa Pereira.

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