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Trintei, galera!!!


Hoje já é sexta-feira e eu já tenho quase 30, cê acredita? Tem base?! Sim, vou abusar do meu mineirês!


Comemorar a vida é para mim muito importante e eu adorooooo fazer aniversário. Para mim a comemoração é quase um carnaval, 4 dias de festa pelo menos. Então, comecei escrever esse texto que traz o trintou da Lu, na sexta, embora hoje que é o meu aniversário e de fato o meu trintou!


Será que foi um de repente trinta? Humm, talvez! Mas a verdade é que ao olhar para traz vejo o quanto mudei, conquistei coisas, realizei sonhos, chorei, sorri, vivi emoções e fui feliz!


Fui uma bebê, uma criança, adolescente, jovem e hoje me torno uma adulta. Nasci com trissomia 21, popularmente conhecida como Síndrome de Down, uma condição genética que me anuncia, não me define, tampouco define minha história. Uma condição que atravessa minha trajetória e faz de mim ser o que sou, chegar aonde cheguei, marca minha identidade como sujeita, como pessoa e como mulher com deficiência intelectual.


É curioso pensar que a palavra deficiência, que tem origem do latim deficientia, significa “falta”, “enfraquecimento”, contradizendo isso, a Síndrome de Down é sobra, excesso de cromossomos, um cromossomo a mais nas células do corpo. Então a Trissomia 21 não é falta, é excesso. Agora faz sentido para mim, pois em mim não há falta, há fartura, há transbordamento de amor, afeto e gratidão. Também não há espaço para o enfraquecimento. Me considero uma mulher forte, determinada e focada em tudo que desejo e me proponho a fazer. Na minha vida não há lugar para enfraquecimentos, logo, não há lugar na palavra deficiência em sua origem, para me definir, sobretudo a intelectual. Aliás, intelectualidade é o que não me falta! Sempre fui estimulada a desenvolver minhas habilidades intelectuais, pensamentos, reflexões, criação e articulação de ideias não faltam por aqui.


Trouxe essa reflexão na data de hoje porque os trinta anos me fazem ressignificar a minha vida. Quero aproveitar e também provocar você, leitor/a, a ressignificar algumas coisas nas quais nos fizeram acreditar ao longo de muitos anos, como os sentidos de algumas palavras que criam rótulos em nós e levam, no caso das pessoas com deficiência, a um capacistismo estrutural que quer definir nosso lugar.


Onde é nosso lugar? Nosso lugar é onde a gente quiser!


Estou há trinta anos ocupando os lugares, existindo no mundo, sendo parte do mundo e quero ocupar muitos outros lugares ainda.


Hoje, o trintou chegou, e o que eu quero é comemorar! Comemorar a vida e fazer ainda mais planos do que um dia já fiz. Tenho pressa de ser tudo que eu queria, mas tenho calma para viver a vida.


Parabéns para mim que agora também já é aquela dos trinta que se sente muito jovem para ser velha e um pouco velha para ser jovem!


Um brinde a vida!!!


Luísa Camargos, agora com 30!

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