Você conhece Antônio Francisco Lisboa?
- Comunidade Viva sem Fome Força-tarefa Covid 19
- 11 de dez. de 2020
- 2 min de leitura

Foto: Jornal Cruzeiro
O Brasil tem um dos maiores e mais completos artistas do mundo. Reconhecido por seu talento como escultor, entalhador e arquiteto, Antônio Francisco Lisboa, ilustre cidadão da antiga Vila Rica – atual cidade mineira de Ouro Preto, é o maior nome do Barroco brasileiro e um dos maiores do mundo!
Filho de um arquiteto português com uma escrava africana, Antônio é o exemplo típico da miscigenação que moldou o povo brasileiro. Por sua genialidade e talento, se tornou referência da arte sacra.
Se você ainda não ligou o “nome à pessoa”, este é o artista mineiro que aprendemos, na escola, a reconhecer como Aleijadinho. Durante boa parte de sua vida, o artista foi uma pessoa sem deficiência. Já com idade avançada, desenvolveu uma doença degenerativa que levou à amputação e atrofia dos membros, tendo que amarrar as ferramentas ao coto para trabalhar.
Em todo o mundo, são muitos os artistas talentosos: Vincent Van Gogh, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Salvador Dalí… apenas pra citar alguns. O que eles têm em comum? São conhecidos por seus nomes! Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, ficou rotulado pela sua condição física.
Ele morreu em 1814, portanto, mais de dois séculos se passaram e ainda nos referimos a ele da mesma maneira. Hoje, certamente não aceitaríamos esta nomenclatura. Mas ajustar apenas o termo basta? Precisamos mudar nossa atitude!
Veja a Lei de Cotas. Ela existe, mas o poder público não fiscaliza nem pune como deveria. As empresas focam na deficiência e querem apenas preencher um número e se esquecem de focar na capacitação do candidato, só disponibilizando para os trabalhadores com deficiência as vagas de baixa qualificação. Quem disse que currículo precisa vir com deficiência? Indigne-se!
É normal uma criança com deficiência não ter educação inclusiva plena, ou nem mesmo poder brincar no intervalo das aulas com os demais alunos por que a escola não está preparada? Não é normal. A sociedade só evolui quando aprende a lidar com as diferenças. Imagine, nos dias de hoje, uma loja onde um cliente negro tivesse que entrar pela porta dos fundos. Isso ria quebrar a internet! Mas por que aceitamos que isso seja normal para um cadeirante, por exemplo? Só porque existe uma escada ali?! Não importam as desculpas.
Só vamos de fato avançar quando deixarmos de lado as desculpas e pararmos de aceitar como normal aquilo que é absurdo. Hoje, certamente o artista não receberia mais o apelido de Aleijadinho. Porém, continuaria entrando pela porta lateral!
(Denis Deli – Jornalista e palestrante, especializado na inclusão da pessoa com deficiência)
Fonte: Jornal Cruzeiro
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